terça-feira, 13 de setembro de 2011

11 de setembro


A empolgação neoliberal de que a história havia sido, afinal, vencida desfez-se juntamente com cada bloco que virava pó do World Trade Center.

O atentado terrorista organizado por Bin Laden representou entre outras coisas o recado duro de que enquanto houver humanidade, nunca se encerrará a História.

E, em termos históricos, atentados terroristas não representam uma novidade, nem mesmo é possível dizer que os ataques da Al-Qaeda foram mais mortíferos ou mais destrutivos materialmente do que os atentados do passado – mas o que importou é o símbolo, sempre o símbolo.

Assim como a queda da Bastilha não foi simplesmente a tomada de uma cadeia empoeirada e mal vigiada, aqueles aviões que atingiram prédios simbólicos dos EUA foram mais que um assassinato coletivo brutal.

Ainda não se pode dizer ao certo quais foram e quais serão os impactos daqueles atos. Mas inconfundivelmente é possível perceber que o mundo se tornou um lugar mais tenebroso do que era antes.

E essas trevas se devem menos a Bin Laden do que a Bush e seus seguidores do assustador Tea Party. É que o medo que assolou a todos os estadunidenses depois daquele dia, abriu caminho para que o presidente daquele país e sua equipe impusessem uma série de medidas que aumentaram o controle social, relativizaram liberdades individuais e coletivas, radicalizaram a ideologia neoliberal (essa sim o pior dos fundamentalismos como que convivemos) e permitiram que nas relações internacionais se convivência com essa excrecência clamada pela Doutrina Bush de “ataques preventivos”.
Depois de os fanáticos da Al-Qaeda destruíram todas aquelas vidas, a comunidade internacional não teve força e os líderes internacionais não tiveram vontade de unir esforços para um verdadeiro combate ao terror: pensar em formas concretas de proteger uma criança afegã ou palestina ou sudanesa ou brasileira ou de qualquer país dos assédios do crime organizado ou do terrorismo, principalmente permitindo que ela tenha oportunidades de seguir outro rumo.

Isso não foi feito, mas ainda pode ser feito. Aí sim estaríamos prestando uma grande homenagem a todos aqueles inocentes que perderam suas vidas naquela tragédia. Aliás, em tempo, é preciso não relativizar o horror das vítimas do 11 de setembro de 2011, com outras vítimas. Isto é, os chilenos que foram vitimados pelo golpe de 11/09/73 não são mortos mais autênticos que os americanos – isso é uma ideia macabra! Uma agenda libertária da humanidade não pode esconder uma satisfação cínica de que “finalmente alguém teve coragem de atacar aqueles imperialistas, bem feito!”, nem sequer pode se pautar por uma contabilidade funerária em que um evento em que morrem 10 pessoas é menos importante do que aquele em que morrem 12 – não, não não! A vida deve ser um valor absoluto e inegociável e a morte covarde de um único ser humano é injustificável – não interessa que ele seja o mais tacanho dos reacionários ou o mais promissor dos revolucionários.