domingo, 25 de outubro de 2009

Jesus e Judas

Depois de meses de inatividade neste blog, retorno!

A notícia, pinçada do Estadão: "Lula é criticado por dizer que Jesus se aliaria a Judas no Brasil, 'Se Jesus viesse para cá, e Judas tivesse votação, Jesus teria de fazer coalizão com Judas', disse o presidente" (leia mais).

Quem me conhece sabe da minha antipatia pelo PT-Campo Majoritário e pelo comportamento do presidente. Portanto, tenho que reconhecer que muitas vezes minha opinião fica viciada por um pré-conceito.

Evidentemente que não quero fazer nenhum julgamento moralista ou religioso com relação ao que o presidente disse, até porque não sou moralista nem religioso, mas gostaria de divagar um pouco sobre as consequências que essa metáfora do presidente traz (ele que é o rei das metáforas).

Lula quis dizer, segundo entendi, que no Brasil só é possível governar através de alianças amorais, que se um governante realmente deseja fazer alguma coisa, precisa compactuar por vezes com seu pior inimigo, tendo em vista um bem maior.

O presidente foi coerente porque para se eleger fez alianças com o PL, com Sarney, como Renan Calheiros, até o Collor simpatiza com o Lula, etc... Representantes de tudo aquilo que o PT-Campo Majoritário sempre demonizou. O escândalo do mensalão foi mais um exemplo da política "os fins justificam os meios".
Esses e outros exemplos da ética maleável do PT-Campo Majoritário e de Lula foram deixados em segundo plano graças ao números respeitáveis do crescimento da economia brasileira e à forma corajosa e proativa com que Lula enfrentou a crise internacional. O eticômetro da opinião pública ficou paralisado ainda, pela autossuficiência em petróleo, a descoberta da bacia petrolífera de Santos, pelo anúncio da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016, enfim... o ecos do "ninguém segura este país" foram bem utilizados pelo setor mais importante do governo Lula: o de Marketing.
Estamos entrando de cabeça em um nacionalismo bobo, que poderá deixar míopes os olhos críticos do país, incapazes, por exemplo, de rechaçar uma visão tão imoral de política como essa expressa pelo presidente.